Cuckoo: uma premissa promissora, mas só isso

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Cuco: Pássaro acinzentado com um canto

que soa como seu nome.

Os cucos colocam seus ovos no ninho de outros pássaros.

O que acontece com nossas mentes quando sabemos que estamos assistindo a um filme que, em sua premissa, parecia ser uma verdadeira bomba de sabores prestes a explodir em nossa boca, mas que, quando termina, deixa uma desagradável combinação agridoce no paladar? Algo relativamente parecido com essa frustração inesperada foi o que aconteceu comigo após ver Cuckoo, a segunda obra do desconhecido diretor alemão Tilman Singer. Antes de seu lançamento limitado, este filme estreou nos festivais de cinema de Sundance e Berlim deste ano, sem muita impacto ou repercussão. Eu assisti a uma prévia meses atrás e minhas expectativas estavam mais altas do que o normal, mas o filme conseguiu me fazer sentir algo que pouco filmes conseguiram este ano: raiva.

Estrelado por Hunter Schafer (Euforia, Tipos de Gentileza), a história se passa na região montanhosa e fantástica dos Alpes Bávaros, um local que, por si só, parece agregar muito não apenas à imaginação da história, como também ao espectador. E esse último basicamente em relação à sinopse que havia lido minutos antes de assistir ao filme. Gretchen (Schafer) é uma jovem rebelde e imatura que, depois de perder a mãe, decide se mudar para a Alemanha para viver com o pai, a madrasta e sua meia-irmã — com quem praticamente não tem uma relação — para começar uma nova vida. O ponto de partida é muito interessante, e assim como muitos filmes desse estilo com histórias parecidas, a perda familiar acaba sendo, às vezes, a parte menos interessante, ou não. Deixe-me começar ressaltando que em Cuckoo, tudo parece incompleto e minha maior decepção é que a intenção pretendida nunca está presente na tela.

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Como eu não conhecia o verdadeiro significado do título deste filme e pensei que significava a expressão típica da infância de muitos de nós (na América Latina, o cuco ou coco literalmente significa um monstro fictício que persegue as crianças antes delas dormirem), fiquei um pouco confuso com o passar dos minutos. Claro, o que parecia ser um filme de terror de pesadelo folclórico acabou sendo um filme estranho e fracassado que mistura viagem no tempo, toques sutis do subgênero “amadurecimento” e uma espécie de reinterpretação moderna do clássico Frankenstein de Mary Shelley.

A verdade é que minha relação com a atriz de Euforia nunca foi muito boa. Não a vejo como uma grande atriz e, neste filme, ela comprova isso em vários momentos. Mas, pensando bem, quase nenhum integrante do elenco me convenceu totalmente. De Schafer como protagonista, Dan Stevens como o dono “simpaticamente falso” do alojamento no meio da montanha, até personagens menores, nenhum deles me transmitiu qualquer sensação ou emoção genuína pela história.

Já o “cuco” — uma mulher com óculos vintage que está sempre usando capuz, como visto no clipe abaixo — está simplesmente espetacular, aterrorizando até mesmo os mais céticos e criando uma sensação de repulsão que fica na memória.

Desde o início havia um problema para mim: nunca entendi o plano de Singer, já que tudo parece bastante confuso. Nos primeiros segundos, uma jovem é “atraída” por um grito ensurdecedor que parece vir da floresta, então ela foge de casa enquanto seus pais discutem. Um diálogo no telefone entre o pai da garota e outra pessoa — que é facilmente reconhecida por sua voz minutos depois — indica que estão planejando algo estranho e BANG! o título do filme é revelado. Durante a narrativa, muitas coisas se entrelaçam e uma certa lógica surge nos últimos vinte minutos E sim, claramente as pistas dadas desde o início eram óbvias. A estética, as cores, os efeitos visuais e práticos e o cenário em geral são o ponto alto, mas, como sabemos, não se pode tapar o sol com uma peneira. O problema mais sério é a coexistência de vários elementos que são introduzidos de maneira implícita na obra, o que faz com que ela perca a própria lógica que quer apresentar.

Como por exemplo, o desaparecimento repentino do “cuco” em certos momentos, que parece ser invisível aos olhos de todos os órgãos estatais da região. É a maior conspiração da história ou uma falha no roteiro? Mas não quero me deixar levar e revelar o verdadeiro plano por trás dessas mentes geniais que criaram essa espécie de fábrica de “pássaros humanos” onde a “mãe cuco” chama seus filhotes com o intuito de... espere, eu me perdi, com o intuito de que mesmo? Enfim, a meta ou o objetivo, neste caso, é tão absurdo quanto ilógico. Não existe coesão entre como o filme é abordado e o que está sendo narrado. Eu deveria ter sentido terror, desespero, angústia? Não senti — nem sinto — nada disso, já que, infelizmente para os meus olhos, assisti duas vezes ao filme para ver se me sentiria diferente, mas isso não aconteceu.

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Escrito por JERÓNIMO CASCO

Publicado em 8 DE OUTUBRO DE 2024, 16hs06 | UTC-GMT -3


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