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Voin cresceu na Bulgária comunista.Depois de vinte anos na Europa Ocidental,ele retorna àqueles lugares em Sofia onde passou sua infância e adolescência.A composição de seu retrato se move de um lugar para outro,e das memórias às anedotas.Desde JJA (FID 2012),Gaëlle Boucand tem trabalhado no gênero retrato com alegria reiterada.Os ingredientes para tanto sucesso?Modelos que amam e sabem se dizer e um cineasta que,encenando o corpo e a fala em lugares específicos,estende retratos para evocações mais amplas.Cada lugar é uma cena e Voin,um bom contador de histórias que ele é,é tagarela e concisa,e mais do que disposto a dar forma aos seus próprios fragmentos de memória.A intuição crucial de Gaëlle Boucand consiste em usar a excentricidade da amiga para inventar umaolhar oblíquo sobre a vida em Sofia no final da era comunista.A imensa e magnífica sala de concertos onde sua mãe trabalhava é escolhida para que ambas possam relembrar o dia em que o regime desmoronou.Da decapitação do galo aos rituais de iniciação sexual no lar proibido,Voin estabelece cenas em miniatura de um romance aprendiz no estilo de Bataille,ao mesmo tempo bruto e soberano.Ao contar histórias sobre seus disfarces,ele também faz reivindicações para o exercício da liberdade,do tipo de movimento flexível exigido pelo curso da História que ele herda.Voin o imita,deixando a História reaparecer numa tonalidade renovada,uma vitalidade menor e excêntrica,muito distante dos lugares-comuns da narrativa.E,ao debruçar-se sobre o vazio,acima do décimo nono andar da torre Tolstoi,o homem de trinta anos contempla os prédios de aluguel barato do distrito de Hope de sua infância,sua vertigem se torna contagiosa,e a sensação é emocionante e arrepiante.(Cyril Neyrat)