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Em 1515 Maquiavel afirmou que seria melhor para o príncipe ser temido,do que amado.Cerca de 500 anos depois,Michael Hardt,filósofo político e co-autor de Empire,Multidão e Commonwealth,pergunta o que significaria basear um sistema político no amor,ao invés de medo.Como podemos transformar uma sociedade cada vez mais definida por um estado permanente de guerra e cultivada por uma indústria do medo?Como realizar a mudança de paradigma necessária para nos afastarmos de uma realidade que depende da exploração das pessoas e do culto à privatização dos recursos públicos?Hardt procura uma resposta no que ele chama de 'the commons',pelo qual ele se refere não apenas aos recursos naturais,mas também às linguagens que criamos e às relações que concebemos juntos.Na distópica cidade-estado Alphaville,do filme homônimo de Godard,todas as palavras e conceitos relacionados à ideia de amor e carinho foram banidos.Quando a atriz Anna Karina tenta expressar seus sentimentos,ela tem que reinventar as palavras,pois o conceito de amor é estranho para ela.Assim como o protagonista de Alphaville,Hardt sugere que precisamos redefinir as ferramentas para agir politicamente juntos.Hardt embarca em uma jornada para identificar os poderes transformadores da luta contínua para reinventar a democracia.Dentro dessa luta ele entende 'os comuns' como um antídoto contra uma sociedade governada pelo medo;uma inspiração para um paradigma baseado no diálogo e na cooperação.