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Antonio Gil foi concebido como um projeto estético e ético.Nosso projeto usa o artifício do cinema -- o olho da câmera -- para tentar captar uma forma de artifício ainda mais sofisticada e complexa: o mito.Longe de ser uma história heróica ou uma explicação racional,este filme é uma composição polifônica onde o nome próprio -- Antonio Gil -- é o significante em torno do qual se confluem histórias múltiplas e heterogêneas.Um mosaico de vozes camponesas,como um coro com sua própria cadência peculiar,narra a construção do mito ao longo do século XX,e nos acompanha em uma viagem visual através de sua celebração.No começo do filme,estamos situados no ano de 2010,mas conforme o filme avança,as imagens nos fazem recuar no tempo: 2008,2006,2004,2000.As iterações de sua celebração podem ser vistas como camadas geológicas,que se misturam e se complementam para consolidar o mito no imaginário popular.Este filme é também a narração de um ritual - a festa anual em homenagem ao Gauchito Gil na zona rural de Corrientes,Argentina -- através da ritualização de um método cinematográfico: o travelling shot.O ângulo da câmera nunca muda;os locais permanecem os mesmos - e ainda,tudo parece se mover e mudar.Sutilmente,assistimos à transformação involuntária das cores,a configuração,As caras,os personagens,os acessórios.Geralmente,quanto mais nos afastamos no tempo,mais perto estamos de acreditar que chegamos à verdade,mas neste filme,esta ilusão desaparece rapidamente: como qualquer mito,o Gauchito Gil é sempre indescritível.Usando essa estratégia narrativa,o filme busca fazer jus à singularidade do mito Gauchito Gil -- uma narrativa enraizada no imaginário de uma região rural de ascendência guarani,e por muito tempo negligenciado na cultura oficial argentina.Essa história,que exige ser contado,fornece uma origem para o mito,mas sem dúvida,vai além do próprio Gauchito Gil.