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Tônia Carrero

Atriz
Data de nascimento : 23/08/1922
Data de falecimento : 03/03/2018
Lugar de nascimento : Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Maria Antonietta Farias Portocarrero nasceu no Rio de Janeiro em 23 de agosto de 1922. Seu pai, Hermenegildo Portocarrero (1894-1959), foi um militar e professor de matemática com grande interesse pelo show business. Amigo íntimo do grande ator brasileiro Procópio Ferreira, conheceu atores, cantores e músicos, e por algum tempo foi diretor da Rádio Nacional, principal emissora do Rio, então capital do Brasil. Tônia tinha dois irmãos mais velhos, ambos militares e professores. Desde muito cedo se interessou por dança e esportes, chegando a se formar como professora de educação física. Em 1940 casou-se com o artista plástico Carlos Thiré, que já criava as histórias em quadrinhos pelas quais é hoje reconhecido como um dos grandes nomes dos primeiros anos dos quadrinhos no Brasil.Filho único do jovem casal, o ator, diretor e professor de teatro Cecil Thiré nasceu em 28 de maio de 1943.No início de 1947, foi convidada a aparecer como uma das alunas de Querida Susana (1947) (também conhecida como "Querida Suzana") (literalmente, "Querida Suzana"), dirigido por Alberto Pieralisi e estrelado por Anselmo Duarte, que logo se tornaria o maior protagonista do cinema brasileiro.Em sua estreia no cinema, ela não teve nada a fazer além de sorrir.Por insistência dela, no entanto, ela recebeu uma linha.Quando o filme foi concluído, eles perguntaram como ela deveria receber os créditos.Ela não tinha ideia.Maria Antonietta Portocarrero certamente não soava como nome de atriz.Ela estava tendo aulas de canto na época e contou a sua professora sobre isso.A mulher pensou um pouco e disse: “Da 'Antonietta' levamos 'Tônia.'Ao quebrar o sobrenome em dois e manter a segunda metade, obtemos' Carrero.'Seu nome vai ser Tônia Carrero." E assim foi.Para a família e amigos mais próximos, porém, sempre foi Mariinha, apelido que lhe foi dado quando nasceu. Pouco depois da realização de "Querida Suzana", Thiré conseguiu uma bolsa e foi para Paris estudar arte com o famoso pintor francês André Lothe (1885-1962). Tônia o acompanhou e, uma vez lá, matriculou-se no curso de atuação "Education par les Jeux Dramatiques", dirigido pelo famoso ator-diretor Jean-Louis Barrault. Como ela gosta de lembrar, metade de seus colegas de classe ficou horrorizada por ter entre eles alguém tão alegre e saudável em contraste direto com a atmosfera sombria daqueles anos do pós-guerra. A outra metade a amava exatamente por isso. Em dezembro de 1947, os Thirés voltaram ao Brasil e Tônia começou a procurar trabalho. Em 1948 é convidada por 'Fernando de Barros' para interpretar a irmã de sua esposa Maria Della Costa em seu primeiro filme como diretor, Caminhos do Sul (1949) (lit. "Caminhos do Sul"). Quando o filme foi lançado, no final de 1949, as duas atrizes foram elogiadas por sua beleza, presença e habilidade de atuação. Fernando então escalou Tônia para o protagonista de Quando a Noite Acaba (1950) (lit. "Quando a Noite Acabou"), feito em 1949, logo após "Caminhos do Sul". A história se passa no Rio e o filme foi lançado primeiro naquela cidade. Para grande aborrecimento do diretor, quando foi posteriormente exibido em São Paulo, o título foi alterado para "Perdida pela Paixão" (lit. "Perdidos pela Paixão"), o que, além de ser enganoso, muitas vezes fez com que os dois títulos aparecessem no filmografias do elenco e da equipe técnica como dois filmes diferentes. Seja qual for o título, o filme foi bem e a atuação de Tônia foi saudada como uma grande conquista por sua falta de pretensão e sua incrível mistura de intensidade e contenção, o público ficando muito impressionado com sua cena de morte incrível no final. Ela conquistou a admiração da crítica e do público por ser uma mulher de beleza estonteante que não descansou nisso, um crítico (Décio Vieira Ottoni) chegou a chamar sua atuação "a melhor por qualquer atriz já vista no cinema brasileiro até agora. . " O dia 13 de dezembro de 1949 tornou-se uma data histórica para o teatro brasileiro. Naquele dia, no Teatro Copacabana do Rio, Tônia Carrero e um jovem advogado de nome Paulo Autran estrearam conjuntamente em "Um Deus Dormiu Lá em Casa", comédia do escritor brasileiro Guilherme Figueiredo, baseada no mito grego de Anfitrião. Nos anos seguintes, Tônia e Paulo se tornariam nomes conhecidos por seus trabalhos, juntos e separadamente, no cinema, no palco e na TV. 1949 marcou o início de uma parceria lendária que durou até 2004, quando foram vistos atuando juntos pela última vez na minissérie de TV One Heart (2004) (lit. "One Heart"), como um casal de idosos jantando em um restaurante onde os jovens atores e diretores que estavam iniciando uma nova fase do teatro brasileiro em São Paulo se reuniam todas as noites, no final dos anos 1940, a piada interna era que dois dos jovens atores que eles viram em uma mesa próxima e falaram eram .. .Tônia Carrero e Paulo Autran! A criação da produtora Vera Cruz no final de 1949 atraiu um grande número de atores e Tônia não foi exceção.Em 1952 aparece na produção mais pródiga do estúdio, Tico-Tico no Fubá (1952), sobre a vida do compositor dessa canção, Zequinha de Abreu, interpretada por Anselmo Duarte.A Tônia era a Branca, a bailarina de circo pela qual o compositor se apaixona.O filme representou o Brasil no Festival de Cannes e, como o compositor cuja vida retratou, o público se apaixonou pela bela mulher que cavalgava com tanta habilidade e encantou toda a cidade onde o circo ficou por um tempo até descobrir que ela também havia se apaixonado pelo compositor.O diretor era Adolfo Celi, ator italiano que veio ao Brasil em 1948 e com o tempo se tornou um dos diretores e professores de teatro mais influentes do país.Durante a realização do filme, em 1951, eles se apaixonaram e decidiram ficar juntos.Foi o fim do casamento de Tônia com Carlos Thiré e de Adolfo Celi a relação com a primeira-dama do teatro brasileiro, a consagrada atriz Cacilda Becker. Logo após o enorme sucesso de "Tico Tico no Fubá", Tônia foi vista na Appassionata de Fernando de Barros (1952), um melodrama um tanto túrgido em que interpretou uma pianista que é amada por Anselmo Duarte. O filme foi bem apesar das críticas mistas e entre todos os seus filmes continua aquele em que, lindamente fotografado pelo cineasta britânico Ray Sturgess, ela parece mais deslumbrante. Seu último filme para Vera Cruz foi É Proibido Beijar (1954) (lit. "Beijar Proibidos"). Comédia leve dirigida por Ugo Lombardi, na qual atuou pela terceira vez consecutiva ao lado de Zbigniew Ziembinski, a figura paterna do teatro brasileiro moderno, o filme parece datado hoje e seu maior trunfo é mais uma vez a beleza marcante de Tônia. No período de realização, em 1953, iniciou-se a pré-produção do projeto mais ambicioso do estúdio, uma versão cinematográfica de "Ana Terra", um dos segmentos do monumental romance épico "O Tempo e o Vento" de Érico Veríssimo. Vento"). Tônia foi para estrelar e Celi para dirigir. Infelizmente, o filme não era para ser. Vera Cruz entrou em colapso, seus contratados, diretores e técnicos se desfizeram, e tudo o que resta hoje são os belos estudos fotográficos sugerindo que Ana Terra poderia ter sido o papel mais emblemático de Tônia no cinema. Em retrospecto, o maior momento de Tônia na Vera Cruz continua sendo a cena de "Tico Tico no Fubá" em que, à medida que a caravana circense se afasta da pequena cidade onde conheceu o compositor, ela e Ziembinski são vistos na poltrona do cocheiro do guiando carroças, falando sobre como a vida o faz deixar coisas para trás e como pode ser difícil fazer escolhas. Com o fim do mandato dela e de Celi Vera Cruz, resolveram se estabelecer no Rio, onde, junto com Paulo Autran, fundaram a famosa companhia de teatro Tônia-Celi-Autran. De 1956 a 1961, Celi dirigiu, Tônia e Paulo estrelaram, e alguns dos melhores atores da época integraram o elenco em peças cuidadosamente selecionadas de Shakespeare, Goldoni, Lillian Hellman, Jean-Paul Sartre, Pirandello, George Axelrod, Françoise Sagan, e autores brasileiros como Osman Lins. O sucesso da empresa foi imenso, a ponto de estender uma turnê pelos estados do sul do Brasil até Buenos Aires, onde o público argentino parecia não se importar em ver "Othello" em português. No entanto, o ganho dos espectadores foi a perda dos cinéfilos. Com Vera Cruz dias atrás, Tônia recusou uma oferta para fazer filmes na Itália (ela temia a idéia de ficar longe do filho) e tornou-se essencialmente uma atriz de teatro. Em 1955 voltou a ser vista no ecrã, ao lado de Arturo de Córdova em Mãos Sangrentas (1955) (estreado nos EUA como "The Violent and the Damned"), um melodrama de prisão feito no ano anterior em outro estúdio pelo realizador argentino Carlos Hugo Christensen, e depois entrou em um hiato cinematográfico de seis anos, durante os quais manteve uma agitada agenda de trabalhos no teatro e na TV. Em 1960, durante a temporada de excepcional sucesso da companhia em Buenos Aires, ela foi convidada pelo ilustre diretor e ator Lautaro Murúa para interpretar sua esposa em seu próprio filme Alias ​​Big Shot (1961). Ela completou suas cenas em quatro dias em uma velocidade de quebrar o pescoço para poder voltar ao Rio, onde deveria cumprir um contrato de teatro. Não poderia saber então que, a partir do seu lançamento em 1961, o filme que ela não fazia ideia que faria ao chegar a Buenos Aires se tornaria um clássico do cinema argentino, a grande ironia é que, já que nunca foi lançado no Brasil e isso foi antes da era do VHS / DVD, ela nunca viu. Por um tempo, parecia que o início dos anos 1960 seria o início de uma nova fase de seu trabalho como atriz de cinema. No início de 1961, quase consecutivos, fez dois filmes, ambos lançados em 1962. Primeiro, Carnaval do Crime (1962), uma coprodução brasileiro-americana-argentina dirigida por George Cahan e estrelada pelo internacionalmente famoso ator francês Jean- Pierre Aumont (lançado nos Estados Unidos em 1964 como "Carnival of Crime", o filme está disponível em DVD). Depois, Esse Rio Que Eu Amo (1962) (lit. "Meu Amado Rio"), episódio-filme dirigido por Carlos Hugo Christensen, em que interpretou uma mulher infiel na versão moderna de uma história do maior escritor do Brasil, Machado de Assis. Em 1962, com o lançamento de "Esse Rio que Eu Amo", sua delicada performance e grande beleza aos 38 anos impressionou tanto os produtores europeus do Copacabana Palace (1962), prestes a começar a filmar no Rio, que lhe ofereceram a parte suculenta de a elegante esposa de um ladrão de joias que atuava no famoso hotel do título. Lançada no mesmo ano em que foi feita, esta co-produção ítalo-francesa dirigida por Steno (também conhecido como Stefano Vanzina) e estrelada pelo popular ator italiano Walter Chiari, tornou-se uma espécie de filme cult do gênero. Em 1979, quando Adolfo Celi veio ao Rio para dirigi-la no teatro pela primeira vez após o rompimento do casamento em 1962, ele brincou dizendo a Tônia que nunca havia realmente deixado de vê-la, pois todas as vezes que se ligava a TV na casa dele em Roma, lá estava ela no “Copacabana Palace”. Em 1963 Celi voltou para a Itália, onde se tornou um ator incrivelmente ativo no cinema internacional, sendo seu papel mais lembrado Emilio Largo, o vilão que desafia James Bond em Thunderball (1965). Em 1964, Tônia casou-se com o engenheiro César Thedim (1930-2000), que faria uma breve carreira como produtor de cinema. Eles se separaram em 1977, e ela não se casou novamente. Assim como Paulo Autran, após o fim de Tônia-Celi-Autran, ela fundou uma nova companhia de teatro e passou a produzir e atuar em peças de autores mundialmente famosos como Ibsen (sua Nora em "A Doll's House", em que esteve dirigido por seu filho, Cecil Thiré, e pelo qual ganhou um prêmio, destaca-se como uma das performances de palco que mais lembramos), Feydeau, Somerset Maugham e Tennessee Williams, além de autores brasileiros como Domingos de Oliveira. Em 1967, durante o regime militar ("os anos de chumbo"), quando a censura tornava a vida um inferno de quem trabalhava com teatro, cinema, música e literatura, ela leu uma peça intitulada "Navalha na Carne" (lit."Navalha na Carne"), de um jovem e brilhante autor brasileiro chamado Plínio Marcos, e resolveu fazê-lo.Contava a história de uma prostituta idosa que vivia com seu cafetão na pensão miserável de um bairro pobre e perigoso onde ela caminhava pelas ruas todas as noites.Ela quase não consegue mais clientes, o cafetão fica bravo com ela, eles passam por uma noite horrível em que ele bate nela, leva todo o seu dinheiro, a humilha e a deixa entregue ao seu destino.Ela chora como o diabo sozinha, depois se recompõe, senta-se e come um sanduíche com muita calma enquanto a cortina desce.A peça foi proibida pela censura e não poderia ser apresentada em nenhum lugar do Brasil.Mas Tônia lutou por isso com tanta ferocidade e inteligência que as autoridades acabaram achando mais sensato não ir contra uma mulher que todo o país adorava, e ela teve permissão para fazê-lo. No auge de sua beleza e charme, Tônia engordou, parou de pentear, desenvolveu um andar pesado e um jeito desajeitado de se movimentar, aprendeu a falar com a voz rouca mais grosseira e, sob a astuta direção de Fauzi Arap, surgiu com uma performance que entrou para a história do teatro brasileiro, e pela qual ela se tornou a primeira atriz a ganhar o prestigioso Prêmio Molière por unanimidade de votos. As pessoas foram ao teatro e por um momento suas mentes ficaram confusas. Demoraram para perceber que a mulher no palco era mesmo a Tônia Carrero. Desnecessário dizer que todas as noites houve uma ovação de pé. No entanto, quando dois anos depois a peça foi filmada por Braz Chediak e ela foi convidada a repetir na tela seu papel de palco mais famoso, ela recusou.Como ela mesma explicou, fazia a peça há mais de um ano, em todo o Brasil, e era uma experiência maravilhosa.Mas agora ela tinha acabado com isso e tinha até feito outra peça (Frank D."The Subject Was Roses" de Gilroy, no qual ela interpretou a mãe de seu próprio filho).Junto com a suicida de "O Mar Azul Profundo" de Terence Rattigan, a prostituta da peça de Plínio Marcos foi um dos dois papéis mais desgastantes que já interpretou.Enquanto atuava em ambos, ela sentiu que estava usando sua energia emocional.Brincar de prostituta tinha sido imensamente gratificante, mas ela não queria passar por isso de novo.Ela sugeriu Glauce Rocha, uma das atrizes mais talentosas do Brasil, que ela admirava e de quem pessoalmente gostava muito.A sugestão foi acatada e "Navalha na Carne" tornou-se um dos últimos créditos cinematográficos da tristemente curta carreira de Glauce Rocha. No final de 1968, Tônia teve uma ótima atuação como protagonista em Tempo de Violência (1969), de Hugo Kusnet (lit. "Tempo de Violência"), um vigoroso filme sobre o risco em tempos politicamente desequilibrados de pensar que se você cuida da sua vida, você vai ficar fora de problemas. O filme teve boas críticas e se deu bem com o público. No mesmo ano do lançamento, Tônia apareceu como uma elegante cortesã francesa do século XIX em Sangue do Meu Sangue (1969) (lit. "Meu Próprio Sangue"), uma série de TV, ou melhor, uma "novela". gênero que floresceu no Brasil na década de 1960 e não tem equivalente nos países de língua inglesa, a melhor forma de descrevê-lo é: "Imagine uma minissérie, com episódios diários como todas as minisséries, mas com duração de seis a oito meses "). Foi o início da grande fase de sua carreira como atriz de TV.Em 1970, ela fez algo que poucas atrizes no mundo (se é que alguma) devem ter feito.Ao mesmo tempo em que aparecia todas as noites no palco como Lady MacBeth com Paulo Autran no papel-título, protagonizou Pigmalião 70 (1970), sua primeira "novela" para a TV Globo, maior estúdio de TV do Brasil.Tamanho foi o seu sucesso nele, que em todo o Brasil os cabeleireiros tiveram dificuldade em abrir espaço para todas as mulheres que queriam um "corte Dona Cristina" (nome da personagem).Depois de uma série de "novelas" da Globo, ela se cansou da comoção e pediu para ser dispensada.Decidiu concentrar-se no teatro, que sempre teve um sucesso fenomenal, e acabou fazendo um filme, como Gordos e Magros de Mário Carneiro (1976) (lit."The Fat Ones and the Thin Ones"), feito no início de 1976 e lançado em 1977, no qual ela interpretou a mãe de seu amigo de longa data Carlos Kroeber.Infelizmente, o filme recebeu críticas negativas e se deu mal com o público. Aceitou fazer outras coisas para a TV, como especiais, ou episódios isolados de programas como "Aplauso" (não confundir com a série espanhola de mesmo título de 1978), em que uma peça de repertório diferente era adaptada para a TV a cada semana. .Mas ela só faria outra "novela" em 1980, quando o autor Gilberto Braga a convidou para o que viria a ser um de seus maiores sucessos, Água Viva (1980) (lit."Medusa").Aos 57, ela parecia mais bonita do que as estrelas jovens ao seu redor.Como uma milionária excêntrica que tinha uma atitude mais ousada e extrovertida em relação à vida do que as pessoas com metade de sua idade, ela conquistou os corações de toda uma nova geração que tinha ouvido falar dela, mas a estava vendo pela primeira vez.Em homenagem a ela, no final Braga escreveu uma cena altamente dramática em que, após um surto depressivo desencadeado pela morte misteriosa de um querido amigo, ela tomou um frasco inteiro de pílulas para dormir e, enquanto jogava repetidamente, um velho gravação de uma famosa canção francesa, seguiu em um longo monólogo explicando às pessoas que ela amou e perdeu porque decidiu se juntar a eles. Quando a cena foi ao ar, até mesmo seus fãs mais ousados ​​ficaram surpresos com o quão intimamente e com quanta intensidade a atriz que eles tanto amavam poderia se relacionar com a câmera. Para alguns deles, a cena trouxe de volta a lembrança dela fazendo "A Voz Humana" de Jean Cocteau ao vivo na TV, nos anos 1950, com direção de Adolfo Celi, com quem, ela sempre teve muito orgulho de dizer, aprendeu seu ofício. O final da década de 1980 e o início da década de 1990 foram momentos tristes para a indústria cinematográfica brasileira. Uma época de incertezas em que se tornou extremamente difícil arrecadar dinheiro para qualquer tipo de projeto, a ponto de (em 1990-91) a produção praticamente parar. Para os atores, por mais que gostassem da ideia de fazer filmes, tornou-se o tipo de coisa em que você salta quando surge em seu caminho, mas com a qual você nunca conta. Com a Tônia não foi diferente. Sem projetos cinematográficos, no auge de seu prestígio como uma das principais figuras do teatro brasileiro, teve longas atuações no Rio e em São Paulo, além de percorrer outras cidades brasileiras em peças como Marguerite Duras ' L'Amante Anglaise "(mais uma vez com Paulo Autran)," Memoir "de John Murrell (como Sarah Bernhardt, com seu filho Cecil)," Zelda "de William Luce (como Zelda Fitzgerald)," A Delicate Balance "de Edward Albee," Chekhov's " O Pomar das Cerejeiras ”e“ As Atrizes ”do ator e escritor brasileiro Juca de Oliveira. Em 1986, ela apareceu em "Quartett", uma peça estranha do autor alemão Rainer Muller, na qual interpretou Merteuil, o aristocrata cruel do famoso clássico "Les Liaisons Dangereuses", visto muitos anos depois dos acontecimentos daquele romance. Sozinha em sua mansão, ela conversou com o fantasma de seu ex-amante Valmont (interpretado por Sérgio Britto), no que acabou sendo um comentário tragicômico sobre a vida moderna. Sob a brilhante direção de Gerald Thomas, ela surgiu com o que foi aclamado como o melhor de suas conquistas como atriz de palco, pelo que, mais uma vez, recebeu o Prêmio Molière, agora na categoria honorário. A essa altura, a produtora Vera Cruz ("The Brazilian Hollywood") havia se tornado uma lenda e ela era constantemente questionada se não sentia falta de fazer filmes. Certamente que sim e, em 1987, teve a oportunidade de começar de novo, fazendo três filmes consecutivos. No início do ano, ela se juntou a um grande número de estrelas (incluindo Paulo Autran, se não com ela na mesma cena) que fizeram participações especiais em Fogo e Paixão (1988) (lit "Fogo e Paixão"), co-dirigido por Marcio Kogan e Isay Weinfeld. Lançado em 1988, acabou se revelando um filme fascinante em que a grande piada era vê-la como uma mendiga depois que a série interminável de público feminino rico e sofisticado se acostumou a vê-la, especialmente na TV. Em seguida, interpretou a mãe do protagonista em Fábula de la Bella Palomera (1988) (também conhecida como "A Bela Palomera"), de Ruy Guerra, uma coprodução brasileiro-espanhola lançada em 1988. Assim que terminou, ela filmou Best Wishes (1988) (também conhecido como "Best Wishes"), como a matriarca de uma grande e rica família. Um projeto ambicioso da diretora Tereza Trautman, quando foi lançado em 1988 após uma série de festivais internacionais, o filme foi mal recebido e pouco visto, a linha geral sendo que havia muitos problemas de roteiro. No final de 1988, Tônia interpretou a avó contando a história em O Gato de Botas Extraterrestre (1990) (lit. "O Gato de Botas Extraterrestre"), lançado em 1990. Dirigido por Wilson Rodrigues, este bem feito filme infantil foi seu último em 16 anos. Atuante como sempre no teatro, em 2002 festejou no Rio seus 80 anos no palco, como a velha da famosa peça de Friedrich Dürrenmatt, "A Visita". Durante a chamada de cortina da primeira apresentação para o público em geral, depois de uma longa ovação, tendo lido na imprensa que era seu aniversário muito especial, todo o público irrompeu em um caloroso "Feliz Aniversário". Estando no elenco, a autora desta biografia subiu ao palco com as outras, e como elas não se esqueceu da expressão de gratidão no rosto das pessoas que lhe prestaram uma homenagem tão espontânea. Ela havia se tornado o que eles gostariam de ser na sua idade. Ela era uma estrela, sim, muito grande, mas era a sua própria estrela tangível, e eles a amavam por isso. Em 2004, junto com várias outras pessoas que o conheceram ou trabalharam com ele, ela filmou uma série de entrevistas para Vinicius (2005), um documentário de Miguel Faria Jr. sobre um de seus amigos mais queridos, o poeta e compositor Vinicius de Moraes. Lançado em 2005, acabou sendo um filme maravilhoso, recebendo ótimas críticas e estabelecendo um novo recorde de bilheteria para um documentário. Enquanto ainda circulava, em 2006, Tônia trabalhou pela primeira vez com a jovem e talentosa diretora Laís Bodanzky, que a escalou como a velha que vem com seu companheiro de longa data (maravilhosamente interpretado pelo grande Leonardo Villar) para o salão do título em Chega de Saudade (2007). Entre um grande número de personagens (belamente interpretados por um elenco impecável), os acontecimentos de uma única noite concentram-se em três casais: um muito jovem, um de meia-idade e um idoso. Quando o filme foi lançado em 2008 (após uma prévia em 2007 no Festival de Cinema de Brasília), tornou-se um grande sucesso. Muita gente disse que voltou a vê-lo pouco depois da primeira vez, sendo o momento preferido a cena do fim, em que, por ciúme, o velho rabugento interpretado por Leo Villar decide ir embora sem se despedir. Do alto da escada, Tônia o impede de dizer que é uma pena sair assim, não só pela falta de educação, mas principalmente pela atitude de derrota na vida. Ele pergunta o que ela espera dele. Seu rosto severo se dissolvendo em um lindo sorriso, ela diz: "Dance comigo!" Ele volta e eles dançam. Em uma longa tomada de arco, conforme a câmera mostra todo o elenco observando-os, é possível ver o quão emocionados eles estão ao testemunhar este momento absolutamente mágico. Aí a câmera corta para Tônia e Leo Villar, enquanto ela o beija e diz: "Eu te amo- te amo-" Quando o filme foi lançado, talvez por ter feito isso tantas vezes enquanto assistia a esses dois ao vivo no palco, no auge de sua grande cena o público frequentemente explodia em aplausos muito altos. Aos 84 anos, Tônia Carrero, a atriz de cinema, havia feito o melhor filme de toda a carreira. Pouco antes de ser lançado, em 2007, ela fez sua última aparição no palco em uma peça do escritor russo Alexei Arbuzov conhecida na América como "Do You Do Somersaults?" e na Inglaterra como "Velho Mundo". Com ela no palco estava o muito querido ator Mauro Mendonça. A realizadora era ninguém menos que o seu neto Carlos Thiré (também conhecido por Carlos Artur Thiré), cuja irmã, 'Luisa Thiré', e o irmão mais novo, Miguel Thiré, também são actores. Enquanto o neto mais novo de Tônia, João Thiré, segue a carreira musical, o bisneto Vitor Thiré (filho de Luisa) já estreou como ator no seriado "Filhos do Carnaval". Ainda em 2007, um ano marcado pela tristeza com a morte de Paulo Autran, um teatro levou seu nome no Rio, pouco depois de ter sido condecorada pelo governo brasileiro (ela já havia sido condecorada pelo governo francês, que a fez um "Chevalier de l'Ordre des Arts et des Lettres", por tornar conhecidos alguns dos melhores dramaturgos franceses no Brasil). Então, em 2008, durante a cerimônia do prestigioso Prêmio Shell de Teatro, ela recebeu o Life Achievement Award, concedido a ela por seu bom amigo, o cartunista Chico Caruso, e recebeu uma estrondosa ovação de pé que parecia não ter fim um público de atores, diretores, dramaturgos, produtores, designers, jornalistas e amigos que a amavam há mais tempo do que podiam se lembrar. Mas a maior homenagem vinha todas as noites do público que viera vê-la no palco em "Um Barco para o Sonho" (peça de Arbuzov).No final da quarta cena, ela disse ao médico interpretado por Mauro Mendonça que, sendo artista circense, uma vez fizera um filme em Moscou.Ele queria saber mais sobre isso e ela descreveu a única cena que teve no filme como sendo uma rotina com um cavalo.Impressionado com a maneira apaixonada como ela falava sobre isso, para sua grande surpresa, ele a convidou para jantar.As luzes se apagaram, a música circense começou a tocar e lá estava ela, aos 28 anos, mais linda do que nunca, cavalgando pela arena, num clipe de “Tico Tico no Fubá.“Quem viu o filme sempre ficou muito emocionado.Aqueles que não se maravilharam com sua beleza e, como acontece com todas as estrelas de cinema, com a maneira como a câmera parecia acariciá-la.Invariavelmente, todos explodem em aplausos à mulher que tanto se dedicou tanto ao teatro quanto ao cinema para ser algo de que os brasileiros podem se orgulhar imensamente.

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