Pinguim e Coringa 2 são lançamentos recentes da DC, mas a diferença de recepção dos dois aqui em Peliplat é impressionante. Isso me fez pensar — o que exatamente faz de Pinguim uma série 8,9, enquanto Coringa 2 só alcançou os 5,8? Depois de assistir aos primeiros episódios, eu diria que é por causa de sua narrativa sólida, do tipo que vemos em clássicos de gângster.
Na minha opinião, Pinguim não é uma série de super-heróis, mas um drama policial sobre Gotham.
A série tem um início forte: no primeiro episódio, vemos Oswald (o Pinguim) enfrentando Alberto, o herdeiro da família Falcone. Começa como uma conversa civilizada, mas depois de algumas provocações de Alberto, Oswald atira nele — isso me pegou completamente desprevenido. Essa impulsividade crua e intenção pura de matar me lembraram de Tommy em Os Bons Companheiros. Porém, ao contrário de Tommy, que pode perder o controle a qualquer momento, a reação de Oswald parece a liberação forçada de uma frustração reprimida, o que me impactou demais.
Em seguida, somos apresentados a Sofia — ela imediatamente suspeita de Oswald, o que gera tensão. Sofia não é só uma figura vingativa, é uma estrategista fria e calculista. Ela me fez sentir tenso e intrigado, e me pergunto até onde iria em sua jornada de vingança. Ela testa Oswald com cada expressão e fala, quase o desafiando a expor todas as suas cartas. Observar o exterior sereno do protagonista rachar me lembrou da dinâmica complexa das gangues em Era uma Vez na América, no qual lealdade e suspeita coexistem e tudo pode dar errado a qualquer momento, e ao mesmo tempo.
Além deles, também há o Maserati roxo de Oswald, que se destaca como um raro lampejo de cor na paisagem sombria de Gotham. Para mim, ele simboliza a centelha de esperança do personagem que não foi totalmente corrompida. É como se, ao dirigir pelas ruas sujas, ele estivesse afastando a escuridão ao seu redor. Algo parecido acontece com o terno branco de Tony em Scarface — o branco simboliza ambição, enquanto o roxo sugere um senso de autopreservação em um mundo que está constantemente tentando derrubá-lo.
Voltando para Sofia — ela não é só uma fugitiva de um hospício, mas também uma pessoa perigosa escondendo sua loucura sob uma camada de controle. Seu primeiro movimento após a libertação é encontrar Oswald e exigir respostas sobre a morte do irmão. Sua linguagem corporal e seu tom criam uma sensação de pressão — o público consegue sentir a ameaça. Isso me lembrou do confronto entre Connie e Michael em O Poderoso Chefão, uma cena que exala um perigo silencioso. Essa tensão clássica dos filmes de gângster faz o público prender a respiração, quase antecipando o conflito inevitável.
Tanto Oswald quanto Sofia são personagens complexos — brutais, mas vulneráveis — e é essa humanidade crua que torna as histórias de gângster atraentes.
Além de tudo isso, Pinguim se sustenta com uma narrativa tradicional.
Na minha opinião, é essa narrativa tradicional que faz Pinguim triunfar sobre Coringa 2 — em contraste, o filme sofre por tentar ser muito inovador. Recentemente, na busca por novidades, muitas obras priorizam a superficialidade em vez da história. Por exemplo, em Tenet, Christopher Nolan usa a inversão temporal para intrigar o público, mas a narrativa tênue deixou muitas pessoas incomodadas. É visualmente deslumbrante e inovador em estrutura, mas as motivações dos personagens não são desenvolvidas o suficiente para gerar empatia. Ir longe demais com a experimentação conceitual acaba enfraquecendo a conexão entre os personagens e o público.
Outro exemplo é Star Wars: A Ascensão Skywalker. Embora seja visualmente impressionante e cheio de ação, sofre com uma narrativa superficial. Personagens principais como Rey, Finn e Kylo são projetados para se destacar dos originais, mas seus arcos parecem ter sido criados para inovar, e não para ter profundidade. É por isso que os Star Wars originais ainda são inesquecíveis: a química e os laços emocionais de Luke, Han e Leia são diretos, mas poderosos, tornando sua história atemporal.
Em contraste, Pinguim se desenrola por meio de uma narrativa clássica de drama policial, priorizando os conflitos, as emoções e os dilemas morais dos personagens em vez de técnicas de filmagem. Essa abordagem fornece uma experiência imersiva, dando vida ao destino de cada personagem. Mais uma vez, me vem à mente O Poderoso Chefão: Michael demonstra ambição e vulnerabilidade em sua batalha pelo poder, permitindo que o público se envolva emocionalmente em sua jornada.
O abraço à narrativa tradicional não implica falta de originalidade. Ela entrega algo familiar para o público se conectar com a história e vivenciar os altos e baixos de cada personagem. Na minha opinião, técnicas clássicas não são apenas relíquias da era de ouro dos filmes de gângster — elas ainda são ferramentas poderosas. Para realmente comover o público, um filme não precisa de "uaus" infinitos, mas, sim, de um núcleo sólido e personagens críveis.
Roteiristas de Hollywood, parem de ficar obcecados com a reinvenção constante e simplesmente contem uma boa história!
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