Review de MaXXXine | Um museu de cera de clássicos de terror e suspense dos anos 70 e 80

Spoilers

Por ser uma sequência tão aguardada dos aclamados filmes de terror X: A Marca da Morte e Pearl, MaXXXine gerou muito entusiasmo entre o público. O diretor Ti West e a atriz Mia Goth se unem mais uma vez, mudando o foco do Texas dos anos 50 e 70 para Los Angeles dos anos 80, explorando temas da indústria pornográfica, de filmes exploitation e de serial killers. Mesmo antes do lançamento, o longa-metragem já havia despertado o interesse de muitos fãs.

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No entanto, MaXXXine acabou ficando aquém das expectativas. Mia Goth, que atuou como produtora do filme, não participou do roteiro como fez em Pearl, resultando em uma história mais fraca escrita apenas por Ti West, sem expressão substancial. Assim, o filme se torna uma vitrine de espetáculos sangrentos, com interlúdios entre as cenas violentas de qualidade desigual, fazendo com que o ritmo pareça desequilibrado. A única atração consistente para os espectadores é a infinidade de referências cinematográficas e homenagens a filmes clássicos. Ainda assim, só isso não é suficiente para exaltar MaXXXine como o clássico contemporâneo que o público esperava.

A trama do filme se passa em 1985: a era de ouro da música disco, dos filmes slasher e do VHS; uma época de renascimento econômico dos Estados Unidos; o auge do hedonismo e a véspera da crise do HIV que assolou o país. Nesse cenário, a história de uma atriz pornô que tenta entrar no cinema mainstream e enfrenta consequências mortais é uma premissa intrigante. Ela tem o potencial de destacar os conflitos culturais dos Estados Unidos da década de 80, repercutindo nas atuais divisões da cultura do país.

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No entanto, em vez de mergulhar em expressões temáticas mais profundas, Ti West prefere fazer homenagens superficiais aos filmes clássicos daquela época. O cenário de MaXXXine em um estúdio de cinema oferece uma ampla oportunidade para piadas internas que somente membros da indústria cinematográfica e cinéfilos dedicados entenderiam, fazendo com que as homenagens pareçam mais orgânicas. E ele claramente gosta de brincar com esses elementos.

MaXXXine faz referência direta a muitos atores e filmes. Por exemplo, ele menciona atores que iniciaram a carreira em filmes de terror e posteriormente se tornaram celebridades: Brooke Shields (Alice, Querida Alice), Jamie Lee Curtis (Halloween – A Noite do Terror) e John Travolta (Carrie, a Estranha), além do caso raro de uma atriz pornô que passou a fazer filmes mais sérios (Marilyn Chambers, uma famosa estrela pornô dos anos 70 que mais tarde protagonizou o primeiro filme de David Cronenberg, Enraivecida na Fúria do Sexo). Como um fã fervoroso, Ti West também faz uma menção honrosa a Psicose, e a lendária produtora britânica de filmes de terror Hammer Studio é citada com humor nos segmentos do filme dentro de MaXXXine.

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Em termos de estilo e enredo, MaXXXine se baseia em dois outros filmes polêmicos do final dos anos 70 e início dos anos 80. O serial killer de luvas pretas e seus métodos brutais e eficientes de matar remetem claramente ao gênero italiano Giallo, exemplificado por diretores como Dario Argento. O filme também faz alusão à vida real do serial killer Richard Ramirez, da década de 80. No entanto, estilisticamente, MaXXXine se inspira muito no thriller Parceiros da Noite, de 1980. Os mesmos disfarces, métodos de assassinato e estética violenta são recriados com edição, cinematografia e design de ação desconfortáveis, ressuscitando um pesadelo para toda a geração.

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Parceiros da Noite (1980)

O enredo central de MaXXXine é inspirado em outro filme que recebeu críticas mistas no lançamento: Hardcore: No Submundo do Sexo, de Paul Schrader. Nesse filme, um empresário calvinista devoto de Michigan embarca em uma missão para resgatar sua filha, que foi vendida para a indústria pornográfica, pelas garras dos malfeitores de Los Angeles. Em MaXXXine, o serial killer que mata as pessoas ao redor de Maxine é revelado como seu pai biológico — um pregador devoto que viajou de sua cidade natal para Los Angeles a fim de salvar a alma de Maxine, embora seus métodos para salvar a filha possam parecer pouco ortodoxos para as outras pessoas.

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Hardcore: No Submundo do Sexo (1979)

Além desses filmes, MaXXXine faz referência indireta a uma série de filmes clássicos de terror. O filme de terror "Puritana II", que Maxine deve estrelar, imita claramente o estilo dos clássicos de terror religioso dos anos 70, como O Exorcista e A Profecia, enquanto o final de seu antecessor, "Puritana I", homenageia o clássico de terror folclórico britânico O Homem de Palha.

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A combinação da indústria pornográfica com o enredo de suspense em MaXXXine evoca diretamente memórias de Dublê de Corpo, de Brian De Palma, embora a Maxine de Mia Goth seja menos parecida com a personagem de Melanie Griffith e mais próxima de Dirk Diggler (Mark Wahlberg) em Boogie Nights: Prazer Sem Limites.

A textura metálica geral de MaXXXine e a cena da morte do detetive particular, interpretado por Kevin Bacon, em um ferro-velho nos faz lembrar do clássico Christine, o Carro Assassino, de John Carpenter, dos anos 80.

Enquanto Carpenter lidou com a relação entre máquinas e corpos, Ti West rapidamente leva essa relação ao extremo em seu filme.

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Christine, o Carro Assassino (1983)
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MaXXXine (2024)

Filmes slasher não são nenhuma novidade para Kevin Bacon. Seu papel de destaque foi em Sexta-Feira 13, de 1980, no qual também teve uma cena de morte inesquecível (pesquise "Kevin Bacon + Sexta-Feira 13" no YouTube para assisti-la). Sua morte horrível em MaXXXine acrescenta mais um prêmio ao seu histórico de fama em filmes de terror.

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Esses detalhes intrigantes podem não mudar sua opinião geral sobre a qualidade de MaXXXine, mas se você for muito fã de filmes de terror, eles vão te envolver e entreter durante todo o filme, além de proporcionar muitas risadas com seus amigos.

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