5 motivos por que não vou assistir ao Oscar 2024

A 96ª cerimônia do Oscar acontecerá neste domingo, 10 de março, às às 19h (horário de Brasília). Não tenho certeza se você tem planos de assisti-la, mas decidi fazer um boicote. E vou dizer o porquê. Com a queda na audiência, o Oscar não está muito preocupado em perder mais espectadores, então estou feliz em ter mais pessoas se juntando a mim para boicotá-lo. Sou totalmente a favor de ajudar a audiência despencar ainda mais! Só para deixar claro, estou oferecendo meu tempo para fazer isso, enquanto o pessoal do Oscar ri em meio a rios de dinheiro. Você sabia? De acordo com a WalletHub, o evento do Oscar 2024 custou impressionantes US $56,9 milhões. E US $24.700 foram gastos naquele enorme tapete vermelho de 50.000 m²!

Como estou em uma missão voluntária para reduzir a audiência do Oscar, então vou expor algumas das minhas opiniões sobre a cerimônia. Além disso, enquanto os figurões de Hollywood gastam mais de US $100 milhões em lobby a cada temporada de premiações, estou fazendo minha parte para convencer as pessoas a abandonarem o Oscar de graça. Eu realmente não espero que minha pequena campanha tenha um grande impacto, mas independentemente de você concordar comigo ou não, sinta-se à vontade para compartilhar suas ideias nos comentários.

1. Não suporto ver Jimmy Kimmel zombando do Oscar por ignorar Greta Gerwig

Adivinhe só? Jimmy Kimmel, o apresentador do Oscar deste ano, provavelmente reservou uma ou duas linhas em seu discurso de abertura sobre Greta Gerwig, a diretora de Barbie, perder uma indicação de "Melhor Direção". Ele pode até fazer uma piada sobre isso ser uma grande brincadeira. Anteriormente, ele fez uma paródia de Barbie com Kate McKinnon, America Ferrera e Ryan Gosling, que protagonizaram o filme, e falou sobre a pressão que enfrenta ao ser apresentador do Oscar pela quarta vez. O vídeo foi reproduzido durante o programa Jimmy Kimmel Live! e representa sua atitude em relação ao assunto. Mas isso é apenas Kimmel sendo ele mesmo em seu programa. Nada muito impressionante.

Mas se Kimmel ou qualquer outra pessoa continuar tagarelando sobre Barbie e Gerwig na cerimônia, será como cutucar uma ferida aberta. Além disso, faz com que o Oscar pareça muito ruim. Se os figurões da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) realmente pensam que erraram ao não dar a Gerwig uma indicação de "Melhor Direção", eles deveriam fazer algo a respeito, assim como introduziram reformas quando enfrentaram reações adversas por nomear apenas atores brancos. Mas conhecendo o Oscar, eles provavelmente vão ignorar isso e continuar fazendo de Barbie e Gerwig alvos de piadas. Não acredita em mim? Apenas observe.

2. Não quero ver Oppenheimer sair como o grande vencedor

Se você acompanhou o burburinho durante a temporada de premiações, junto com todas as previsões do Oscar pela mídia, é bastante óbvio que Oppenheimer está no caminho certo para ganhar todos os grandes prêmios: "Melhor Filme", "Melhor Direção", "Melhor Ator" e "Melhor Ator Coadjuvante", além de prêmios técnicos como "Melhor Fotografia", "Melhor Montagem" e "Melhor Trilha Sonora Original". Fácil demais para Oppenheimer. Se a sorte estiver realmente a seu favor, também levará o prêmio de "Melhor Roteiro Adaptado".

Agora, você pode se perguntar: por que Oppenheimer é o assunto do momento nessa temporada de premiações com previsão de uma grande vitória no Oscar 2024? Como uma pessoa que não torce para Oppenheimer, não é difícil descobrir que, uma vez que Gerwig foi preterida como "Melhor Direção", Oppenheimer seria o melhor candidato. O Oscar não dá a mínima para Barbie. Isso me diz que eles gostam mais de filmes épicos heróicos e tradicionais, como Oppenheimer. Simplificando, quando o Oscar decidir que um filme como Barbie, que trata do empoderamento feminino, não é suficiente, eles vão se esforçar e continuar pressionando as próprias pautas. E Oppenheimer, com sua história elitista centrada em homens brancos e no poder masculino (quer dizer, é um privilégio ter o poder de destruir o mundo e depois sentir pena de fazer isso, não é mesmo?), se encaixa na ideia de arte que o Oscar vem tentando reforçar. Se Oppenheimer for o grande vencedor do Oscar, não pensarei duas vezes antes de dizer que todas as mudanças que foram introduzidas pela Academia nos últimos anos são apenas uma fachada.

3. Ken irá performar "I'm Just Ken" no Oscar

Você diria que Barbie é a protagonista do próprio filme, certo? Na Barbielândia, Ken é uma existência quase imperceptível. Mas em nosso mundo, Margot Robbie, que interpretou Barbie, nem sequer conseguiu uma indicação de "Melhor Atriz" no Oscar 2024. E adivinhe só? Ken, interpretado por Gosling, recebeu a indicação de "Melhor Ator Coadjuvante". É ou não irônico? E isso não é tudo! Duas músicas que fazem parte da trilha sonora de Barbie, "I'm Just Ken" e "What Was I Made For?", estão concorrendo ao prêmio de "Melhor Canção Original". Gosling e Billie Eilish estão até cantando essas músicas no Oscar. Então, embora Barbie seja a estrela do próprio show, o Oscar decidiu colocar os holofotes em Ken. É uma reviravolta intrigante que envolve um humor um tanto quanto sombrio. Acho que podemos chamar isso de "efeito Kenergia".

4. O Oscar é muito longo e tem muitos comerciais

O Oscar não para mim. É um festival de bocejos de três a quatro horas de duração. Quem tem tempo para isso? Prefiro relaxar e me divertir com alguns filmes na Netflix. Além disso, as informações mais importantes e emocionantes sobre o Oscar estão sempre nos trending topics do Twitter, então provavelmente não vou perder nenhuma delas. Outra coisa que me irrita são aqueles comerciais intermináveis. A pesquisa da WalletHub mostrou que meio minuto no Oscar é 73% mais barato do que no Super Bowl. A Variety relatou em 2023 que os preços dos comerciais do Oscar estão mais baixos do que antes, graças à situação econômica e à queda na audiência. Portanto, ao deixar o Oscar de lado, espero que a audiência caia ainda mais.

5. O quanto o Oscar é relevante para mim?

A AMPAS consiste em mais de 10.000 membros de diferentes etnias, gêneros e origens culturais. Cerca de 33% são mulheres (em 2021) e 19% pertencem a comunidades étnicas ou raciais sub-representadas. Cerca de 9.500 membros elegíveis de toda a AMPAS decidem quem vai para casa com um Oscar. Como eles fazem suas escolhas? Elas são baseadas nos próprios padrões estéticos e em preferências culturais. Suas decisões também representam autoridade. Mas o problema é o seguinte: como feminista e lésbica, sempre questionei se elas realmente refletem meus gostos e minhas preferências. Devo apenas aceitar a arte e os clássicos que são definidos por eles? É claro que não!

Agora, mesmo que deixemos de lado nossas diferenças, acho que não precisamos de algum selo de "grande autoridade" para aprovar nossos gostos e opiniões. Temos todo o direito de julgar filmes com base em nossas próprias experiências de vida, perspectivas e valores. Não precisamos nos apegar a cada palavra que o Oscar ou qualquer outra premiação diz.

E sim, o Oscar provavelmente ainda existirá por um bom tempo. Caramba, podemos até ter a 196ª edição. Mas espero que o público futuro veja o que ele é: um programa de entretenimento, não o princípio e o fim de tudo o que torna um filme bom. Assim como as listas dos restaurantes mais bem avaliados, o Oscar é um guia útil, mas não a decisão final sobre como julgamos um filme.