Cinéfilos de carteirinha e longa data sabem que o Oscar de Melhor Filme concedido pela Academia ano após ano é quase sempre uma grande polêmica por inúmeros motivos.
Um deles, que aliás não é debatido o suficiente, é o fato de que a proposta do evento seja de reconhecer grandes triunfos do cinema mundial - quando na verdade aquele que é talvez o prêmio mais esperado da noite, o de Melhor Filme, quase sempre é dado a produções estadunidenses.
Isso fica ainda mais evidente, se não gritante, quando levamos em consideração o fato de que existe toda uma outra categoria separada para premiar filmes de outros países, que é a de “Melhor Filme Estrangeiro”. “Estrangeiro” em relação ao quê? A quem? Ora, pombas, mas não era uma premiação internacional?
Pois então. Não exatamente, né? Já viu.
Aí a lógica chama pela pergunta: é possível ganhar o Oscar de Melhor Filme (ponto) sem ser uma produção estadunidense?
Resposta: sim, é possível. Só é muito, muito difícil, pois o júri é meio tendencioso… Basta dizer que nos 94 anos em que celebramos o maior prêmio do mundo do cinema, Hollywood concedeu um total de [rufem os tambores]: uma estatueta dourada na cobiçada categoria para um filme ‘estrangeiro’ - e foi apenas dois anos atrás.
O ano era 2020, e o filme, “Parasita” (2019), obra-prima do sul-coreano Bong Joon Ho, que fez história ao ser o primeiro, e até hoje, o único filme de produção financiada em um país que não os EUA, e em outro idioma que não o inglês. “Leiam as legendas!”, declamou o diretor em seu discurso de agradecimento, posto que também levou várias outras estatuetas, incluindo, ora pois, a de Melhor Filme Estrangeiro junto!
O momento se tornou triplamente histórico por ter acontecido em plena era do governo Trump; sim, até o infame ex-presidente lamentou a vitória, comentando algo do tipo “mais essa agora…”.
Pois lamentável, na verdade, é o estado de tudo isso, dado que muitos outros filmes excelentes passaram despercebidos, para que apenas dez chegassem a ser indicados. Confira abaixo a ilustre lista daqueles que quase chegaram lá:
1. “A Grande Ilusão”, de Jean Renoir (1937 - França)
2. “Z”, de Costa-Gravas (1969 - França)
3. “Os Emigrantes”, de Jan Troell (1971 - Suécia)
4. “Gritos e Sussurros”, de Ingmar Bergman (1972 - Suécia)
5. “O Carteiro e o Poeta”, de Michael Radford (1994 - Itália)
6. “A Vida é Bela”, de Roberto Benigni (1997 - Itália)
7. “O Tigre e o Dragão”, de Ang Lee (2000, China)
8. “Cartas de Iwo Jima”, de Clint Eastwood (2006 - Japão/EUA)
9. “Amor”, de Michael Haneke (2012 - Áustria/ Alemanha/ França)
10. “Roma”, de Alfonso Cuarón (2018, México)
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