"Godzilla e Kong: O Novo Império": filmes de monstros com um toque de artes marciais

Diferente de "Godzilla vs. Kong”, “Godzilla e Kong: O Novo Império” (ou "GeK", como vou chamá-lo neste artigo) expande a participação da Terra Oca para 80% do filme. Ao mergulhar na perspectiva dos monstros e contar a história do ponto de vista deles, os humanos se tornam personagens secundários. Obviamente, o diretor sabe o que o público mais deseja ver: os grandões.

Desde o reboot de "Godzilla" em 2014, o lendário MonsterVerse criou seu próprio universo – ele não apenas inclui os dois monstros clássicos, Godzilla e King Kong, mas também estabelece o cenário da organização secreta "Monarch".

"Kong: A Ilha da Caveira", em 2017, explora a origem de King Kong; "Godzilla II: Rei dos Monstros", em 2019, apresenta outros monstros gigantes – Rei Ghidorah, Rodan e Mothra – além de estabelecer o status de Godzilla como o “Rei dos Monstros”. Em "Godzilla vs Kong", os monstros competem pelo domínio, levando seu confronto ao clímax e abrindo um novo território – a Terra Oca. Dez anos depois, "GeK" pode ser visto como um resumo de todos esses filmes, ao mesmo tempo que apresenta novos personagens monstruosos como Skar King, Shimo e Tiamat.

Originalmente, os filmes de monstros eram mais ou menos uma fusão dos gêneros tragédia e suspense – mas “GeK” é diferente, com toques de super-heróis e artes marciais; temas como cavalheirismo, relacionamentos e herança espiritual podem ser encontrados nele. A mudança de "vs." para "e" sugere uma história de trabalho conjunto para combater inimigos; as batalhas e alianças entre monstros gigantes são semelhantes às de heróis.

A história se passa alguns anos após os eventos de “G vs. K”. Achávamos que Kong era o último de sua espécie, mas não. Na Terra Oca, ele descobre sua própria espécie, uma versão em miniatura sua, Suko (inspirada em "O Filho de King Kong" de 1933). Mas essa descoberta o leva a enfrentar desafios ainda mais difíceis: todos os macacos gigantes são controlados por um ditador de pelo vermelho, Skar King – quando Kong chega, o caos está prestes a explodir. Do outro lado, Godzilla sente um novo perigo no mundo humano e se prepara para a próxima batalha; ele elimina continuamente outros monstros, assumindo o controle de seus territórios, incluindo Tiamat, para conseguir mais energia de radiação.

A primeira metade do filme segue a jornada de Kong pela Terra Oca, onde enfrenta ameaças como Skar King. Enfrentando sozinho esses perigos, Kong percebe que deve se aliar ao seu antigo inimigo, Godzilla, para mudar o curso da batalha. A segunda metade introduz a ideia de uma aliança de monstros, com cinco principais: King Kong, Godzilla e Mothra de um lado; Skar King e Suko do outro, criando uma batalha épica.

Existem três aspectos notáveis em “GeK”: primeiro, Skar King e sua história são, na verdade, fios ocultos no universo dos filmes de monstros.

O discurso no meio do filme revela uma narrativa concisa, mas informativa, sobre Skar King, o “ex-Rei Monstro” da Terra Oca, que construiu um poderoso império unindo os Titãs da tribo dos macacos e eliminando ameaças, incluindo os da espécie de Godzilla. Mas o equilíbrio de poder mudou durante uma antiga batalha, quando Godzilla e outras criaturas colossais aprisionaram Skar nas profundezas da Terra Oca. A quebra acidental deste selo levou ao seu retorno, desencadeando a Guerra Mundial dos Monstros no filme. Essa história de fundo também explica a inimizade profunda entre Godzilla e Kong, enraizada em suas linhagens.

Segundo, as sequências de ação – de lutas intensas no Coliseu, passando por expedições na Terra Oca, confrontos navais entre Godzilla e Tiamat, e várias brigas entre Kong e Skar... essas cenas não mostram apenas violência irracional, mas também a "Estética do Monstro".

Monstros enormes, com seu tamanho e força extraordinários, criam um contraste maior com os humanos. A extrema justaposição de imensidão e pequenez – a ponto de pirâmides majestosas serem destruídas e o céu se encher de poeira e areia – exala uma sensação de beleza. Essa nova perspectiva e a mudança resultante são a raiz visual do motivo pelo qual os filmes de monstros são tão satisfatórios.

Terceiro, houve ajustes nas habilidades de combate de Godzilla e Kong – simplificando, eles ficaram mais personalizados. A agressividade e resistência de Godzilla cresceram, e depois que sua energia de radiação aumentou 20 vezes, sua capacidade de combate ficou incomparável. Kong recebeu ajuda de humanos em 2 momentos: quando ganhou uma "dentadura" após perder os dentes e um "braço robótico" após sofrer queimaduras do frio; isso deu a ele características mais humanas.

Em filmes antigos, Kong era retratado como selvagem e poderoso, simbolizando a força bruta da natureza, distinta da tecnologia; neste, porém, a tecnologia moderna foi integrada para ampliar sua força, retratando-o como um ser que transcende a divisão entre ela e a natureza.

Apesar de algumas inconsistências no enredo, “GeK” é um blockbuster de Hollywood que inegavelmente vale a pena – do ponto de vista do entretenimento, atende facilmente às expectativas. Mais importante ainda, ele permite ao público mergulhar no mundo dos monstros gigantes por duas horas, libertando-se das preocupações da realidade.